
Eu sou da opinião que o Linux necessita de um grande soft para estrear no mundo da produção gráfica. Uma estreia em grande estilo. A plataforma já fez isso com o soft para escritório ("kit advogado") OpenOffice.
Um grande candidato é o editor de página
Scribus. Estou testando a última versão 1.3.3.9 e acho que é um soft bem amadurecido e com cara de gente grande. Na maioria dos recursos ele rivaliza com os seus concorrentes, o
QuakXpress e o
Indesign, sem nenhuma cerimônia. Um ponto forte é a vontade de oferecer uma solução usando o padrão
Acrobat PDF/X que o coloca na dianteira em relação ao
Quark sem esquecer que também pode criar formulários em arquivos PDF. Não adianta tentar compara-lo ao
PageMaker ou a versões anteriores do
Quark ou do
Indesign pré-CS, ele é melhor que todas sem nenhuma dúvida.

Um dos recurso que chamou minha atenção foi o "histórico de ações" similar a paleta "history" do Photoshop e a possibilidade de criar scripts usando a linguagem
Python, que embora seja inacessível aos mortais como nós, dizem os deuses da programação que é muito poderosa.
Depois de futucar bastante notei uma falha básica, a não existência do recurso que adiciona marcas de corte, registro e sangria á página. Fui ao site do soft e descobri que era o calcanhar de Aquiles da versão e que iria ser corrigido brevemente.
Então fui para a "
prova-dos-nove". Como todos sabem o CorelDraw também é um soft cheio de recursos sensacionais, mas um parágrafo do Corel é reconhecido à léguas pela má qualidade da distribuição das letras, particularmente no texto justificado. Isso condena o CorelDraw de forma definitiva e irredutível pra mim, pois ninguém quer oferecer aos clientes uma parágrafo cheio de buracos e com letras disputando espaço. Não importa um
design lindo com uma tipografia feia. O
Scribus, então, precisa primeiro passar no teste da tipografia.

Para os mais noviços eu explico melhor como funciona. Cada fonte (True Type, Type 1 ou OpenType) vem com valores de distância entre as letras pré-definido no próprio arquivo. Então um soft como o Word ou o Excel usa esses valores para qualquer corpo da letra sem nenhuma modificação. O resultado é que um trecho com letras grandes, corpo 16 por exemplo, fica com a aparência de "folgado" e outro com letras pequenas, corpo 6 por exemplo, com a de "apertado".
O
QuarkXpress e o
Indesign resolvem esse problema com algoritmos que fazem variam as distâncias entre as letras e entre pares de letras específicos de acordo com o tamanho da fonte. Esse recurso é que faz os textos terem uma aparência de harmonia e os diferencia dos restantes.
Fiz o seguinte, peguei um pequeno trecho de um texto qualquer, em língua portuguesa, mas com algumas palavras diferentes e diagramei nos três softs: Scribus, QuarkXpress e Indesign com os mesmo critérios, fonte e hifenização em nosso rude idioma. O resultado
(veja as imagens acima) não me surpreendeu. O melhor resultado ficou com o
Quark seguido de perto pelo
Indesign. O
Scribus teve um desempenho pífio, ruim. As imagens falam por si. Com a correção desse grande problema e saindo as marcas de corte, o Scribus será um grande soft e finalmente haverá uma solução para a produção gráfica em Linux, caso contrário não acredito que os produtores mais exigentes possam adotar o
Scribus.
Vou continuar testanto. O próximo passo será trapping.