[ADEUS FREEHAND] Prefiro o fole de Januário

Parece que de fato a morte anunciada do FreeHand deixou a Adobe pisando em ovos.

Januário, para os que não conhecem, era o pai do músico pernambucano Luiz Gonzaga. Ele, como o filho, também era músico, mas não tocava sanfona e sim fole que é bem menor e com somente oito baixos (esse aí do lado) contra cento e vinte de uma sanfona.
Luiz Gonzaga conta em uma das suas músicas que quando voltou para casa, já famoso, encontrou com um tio e fez questão de mostrar e tocar a sua sanfona novinha, branca e muito bonita. O tio, após ouvir com atenção, disse: "- Lulinha sua sanfona é muito bonita e tem muito baixos, mas olhando direitinho você só toca em dois. O fole de Januário só tem oito mas ele toca nos oito".
Eu contei essa história para introduzir a atual situação da Adobe em relação ao finado Freehand. Recentemente foi publicado um longo artigo no pretigioso blog Real World Illustrator tentando mostrar duas coisas: Primeiro: Quem matou de fato o FreeHand não foi a Adobe e sim a Macromedia. Segundo: O Illustrator tem recursos superiores ao FreeHand (PDF, OpenType, XMP, integração e salvar para a web).
Eu fiquei surpreso com a precariedade dos argumentos e lembrei logo da história do fole de Januário. Realmente o Illustrator CS3 tem muitos recursos a mais se comparado com o FreeHand MX há mais de seis anos sem atualizações subsranciais. Mas será que os recursos a mais são de fato utilizados pelos usuários? Será que o usuário de produção gráfica como eu e você realmente precisa de um soft exporte para a web? Ou que tenha perfeita integração com o Flash?
Com toda sinceridade, eu trocava toda essa baboseira de internet por documentos com múltiplas páginas que a Adobe, não sei por que, até hoje nunca colocou no Illustrator.
A Adobe faz versões de seus softs para o seu novo usuário herdado da Macromedia, mas eu sou parte dos antigos usuário, da velha Adobe. Para mim não importa que o soft tenha “120 baixos” e sim apenas os “8 baixos” que realmente eu uso. A Adobe matou o FreeHand que era uma espécie de “fole de oito baixos” e em seu lugar colocou uma linda sanfona de 120 baixos mas onde só conseguimos tocar em dois.
Com todo o investimento feito ainda está longe do Illustrator ser um soft melhor que o FreeHand. Pelo menos conceitualmente. Digo mais, está longe de concorrer até com o velho e problemático CorelDraw na amplíssima maioria dos recursos para produção gráfica. O CorelDraw tem um suporte para impressão muito mais amplo pois faz uma imposição básica. Está longe de concorrer até com o marginal Canvas X, que tem um suporte de impressão muito superior ao Illustrator.
Está na hora da Corel mostrar que também tem um bom soft para produção gráfica, corrigindo os bugs (que hoje já são poucos com os remendos à disposição) e avançar no mercado do FreeHand.

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