
Em 1995 um dos softs que fazia um enorme sucesso entre artistas era o
Painter 3 da
Fractal Design. Era um soft muito a frente do seu tempo, pois usava os computadores da época de uma forma que só seria realmente possível muitos anos depois. Nesse tempo poucas pessoas se atreveriam a aventurar uma pintura decente no
Photoshop 3 e o Painter reinava quase sozinho no mundo da ilustração com imagens rasterizadas.
A
Fractal era uma empresa de muitos sucessos e arrojada nas iniciativas. Foi a criadora do
Poser um soft 3D que tinha a figura humana como objeto e de muitos outros softs que hoje estão pulverizados em diversas empresas como a Corel.
Mas a maior e mais arrojada criação da
Fractal foi sem nenhuma dúvida o
Expression. Na propaganda de lançamento do produto o título era:
“Bem vindo a Revolução”. Todas as palavras usadas pelo marketing da Fractal eram grandiosas;
“O revolucionário”,
“Aquele que vai mudar o seu jeito de pensar”, etc, e acreditem no que esse blogueiro vos diz, era tudo absolutamente verdadeiro.
O
Expression era totalmente sensacional. Ele fazia quase tudo que o Painter conseguia fazer, com a metade dos recursos de máquina e absolutamente vetorial. O
Expression era um soft vetorial idêntico ao
CorelDraw ou ao I
llustrator, sendo que avançava no conceito de vetor dando a vida da pincelada às linhas. Era realmente uma revolução, não só nos conceitos de como ilustrar, mas de como programar e interagir com o usuário.
Qualquer pessoa minimamente hábil que usasse o
Expression ficava maravilhada. Era um soft elegante, sofisticado, delicado, mas que mantinha o link com a forma antiga de pintar e ilustrar com o pincel. Era o estado da arte do mundo vetorial.
Então começou a acontecer o inesperado. Os usuários não entenderam a nova abordagem do programa. Seus melhores recursos precisavam de uma aprendizagem longa, da formação de novos hábitos em pessoas engessadas pelo uso de softs mais técnicos como o Illustrator. Os artistas também não responderam ao chamado e preferiram continuar usando o Painter, já sedimentado no setor.

A
Fractal precisava de uma grande campanha de marketing para incentivar o uso do soft. Infelizmente a empresa não tinha os recursos para bancar essa aventura e terminou desaparecendo depois de uma longa história de incorporações.
Com a morte da
Fractal o
Expression vagou pelo limbo. Foi lançada a versão 2 pela
Metacriations e a versão 3 pela desconhecida
Creature House.
Mas a Adobe e a Corel não perderam tempo e incorporaram muito dos recursos lançados pelo Expression aos seus programas.
Há algum tempo atrás a
Microsoft comprou a
Creature House e iniciou o seu processo de criação de uma base de softs para os profissionais de criação. Mas isso já é outro post.